domingo, 13 de maio de 2007

PALÁCIO NACIONAL DE QUELUZ


Iniciado no ano de 1747 pelo infante D. Pedro, futuro D. Pedro III, a partir de um antigo palácio rural dos Marqueses de Castelo Rodrigo, o Palácio de Queluz, classificado como Monumento Nacional, começou então a ser adaptado a residência de veraneio da família real. O corpo principal do Palácio, erigido até 1758, com as suas formas baixas e serpenteadas, decoração harmoniosa e intimista, foi completado após o casamento do Infante D. Pedro com D. Maria Francisca, a futura rainha D. Maria I (1760), altura em que os opulentos salões do interior foram enobrecidos, e bem assim os ricos jardins palacianos, povoados de fontenários barrocos, de estátuas e de recantos para folguedo. Nesta campanha interveio o grande mestre francês Jean Baptiste Rotillion (falecido em 1782), a quem se deve o célebre «PaviIhão Robillion».
Queluz, que tem sido não poucas vezes comparado com o Palácio de Versailles, difere do conjunto de Luís XIV (aliás um pouco anterior) no sentido de escala e de proporções que a sua traça revela, quiçá com uma distribuição de valores gráficos mais equilibrada, dentro de um neo-classicismo ainda muito apegado ao formulário rococó. Apenas a força e exuberância do Pavilhão concebido por Robillion de fortes influências europeias francesas, austríacas - constitui nota mais avantajada e «evoluída» pois tudo o resto é bem português, nas escalas e no próprio espírito artístico.
É claro que a monarquia também havia de se interessar por Queluz, resolvendo fincar moradia num palácio onde são notáveis as extravagâncias ao estilo do Versailles francês. Essa extravagância, misturada com os gostos de D. João VI e Carlota Joaquina (princesa do Brasil), D. Pedro IV (1º Imperador do Brasil) e as maluquices de D. Maria I, a louca, estão presentes nesse palácio onde são notáveis as mudanças feitas por esses ilustres moradores através dos seus reinados.
Com a instituição da Casa do infantado em 1654, o Palacete e as propriedades que os Marqueses de Castelo Rodrigo possuíam em Queluz e que tinham sido confiscados em 1640, passaram a pertencer aos filhos segundos dos monarcas portugueses.
Será o terceiro Senhor da Casa do Infantado, O Infante D. Pedro (1717-1786), futuro Rei D. Pedro III, que irá transformar a partir de 1747 o velho Palacete dos Castelo Rodrigo numa das mais harmoniosas residências do séc. XVIII.
O projecto inicial da "Casa de Campo" de Queluz, pois de uma residência de veraneio se tratava, foi confiado ao então Arquitecto da Casa do Infantado, Mateus Vicente de Oliveira (1706-1785). Nesta primeira fase de construção (1747-1758) ergueu-se o Corpo Central, adaptou-se a velha Cozinha, construiu-se a Ala Sul que lhe fica simétrica, ergueu-se a Ala da Capela e das futuras Salas do trono e da Música e, sob a orientação de Manuel da Maia (1608-1768), Engenheiro-Mor do Reino, realizaram-se as captações de água necessárias ao abastecimento do Palácio.
O casamento de D. Pedro com a futura Rainha D.Maria I (1760), sua sobrinha, veio a dar origem a que se realizassem profundas alterações ao projecto inicial. Nesta segunda fase de construção (1758-1786), desempenhou um papel relevante o novo Arquitecto contratado por D.Pedro, o francês Jean Baptiste Robillion (+1782), que imigrara para Lisboa. Mateus Vicente, demasiado ocupado com as obras de reconstrução de Lisboa, abalada pelo terramoto de 1755, passou a ser o Superintendente das obras de Queluz.
Robillion rodeou-se de um escol de artistas e artífices portugueses e estrangeiros e acrescentou ao projecto inicial a Ala do Poente, o gracioso "Pavilhão Robillion", a Escadaria dos Leões, solução cenográfica de ligação do Palácio à Quinta e, transformou, embelezando, a Fachada de Cerimónias que abre sobre os Jardins Pênsil e de Malta. Simultaneamente, ocupou-se da decoração das mais belas salas, do traçado dos jardins, da arborização do Parque e da criação neste de zonas de divertimento e de lazer como o "Jogo da Bola", o "Jogo dos Cavalinhos", ou a "Casa Chinesa", algumas hoje desaparecidas.
O Palácio no estilo rococó ( última fase do estilo barroco ), construído por vários corpos irregulares, uns ligados entre si, outros fronteiriços ao corpo principal, alberga actualmente valioso acervo de Artes Decorativas, provenientes das Colecções Reais, que ilustra a evolução do gosto em Portugal na segunda metade do século XVIII e no primeiro quartel do século XIX, além de ser usado pelo estado para reuniões especiais e visitas de chefes de estado e governo.
Situa-se no largo do Palácio Nacional de Queluz. Quem quiser visitar o Palácio, deve descer na estação de Queluz-Belas, distando o Palácio desta estação, cerca de 5 a 10 minutos a pé.

Os Jardins do Palácio Nacional de Queluz são uma atracão a parte, além do acesso a eles ser gratuito, é relaxante caminhar por entre os labirintos e observar os peixes nos inúmeros lagos e chafarizes que fazem parte desses jardins, além de poder apreciar algumas esculturas num verdadeiro museu a céu aberto e a faxada interna do palácio, ainda mais interessante do que a externa. Os jardins são cortados por um rio, poluído devido à poluição vinda com a modernidade. Mas se você é um amante da Matemática, aproveite para examinar as simetrias da parte mais próxima ao palácio.
Organizados a partir de 1760, aquando do casamento do infante D. Pedro com a futura Rainha D. Maria I, no perímetro do Palácio Nacional, os opulentos jardins revelam uma concepção cenográfica de largos recursos, que se deve ao arquitecto Robillion e ao jardineiro holandês José Van del Kolk, dentro do «gosto francês» dominante.
Os tanques, as fontes, as numerosas estátuas «rococó», os vasos de mármore, recortando e delimitando com rigor as zonas de verdura cuidadosamente organizadas, as cascatas barrocas, os lagos e o amplo canal (outrora navegável, e decorado com azulejaria setecentista), tudo denuncia um gosto minucioso e opulento, animando o próprio conjunto arquitectónico do Palácio.

Jardins


Neptuno ou Pênsil

Os jardins do Palácio Nacional de Queluz, imitam os jardins do Palácio de Versailles com sua simetria e tanques.
Em frente da fachada de cerimônia, delineada em 1762 por Robillon, também chamado Jardim Pênsil por se apoiar em contrafortes de grossa silharia. Nele se encontram vários tanques, tendo o principal, ao centro, diversas figuras alegóricas das quatro estações (a que falta o Inverno) cercando a figura principal de Neptuno, que provém da desmantelada Quinta do Senhor de Serra em Belas, é atribuída ao grande mestre italiano Bernini. A balaustrada que o cerca é interrompida pela figura da Fama, de Manuel Alves e Silvestre Faria sobre o desenhos de Robillon.

Azereiros

Separado por esta balaustrada e em nível inferior, fica o Jardim dos Azereiros, mandado plantar por Junot aquando ali habitou durante as invasões francesas. Também aqui se podem ver dois tanques: o dos Amores e o do Golfinho.

Capela


Desenhada por Mateus Vicente de Oliveira, a Capela tem uma só nave e é visível de fora do edifício por uma Cúpula de influência alemã. Está profusamente decorada por talha dourada de autoria de Silvestre Faria Lobo e é um bom exemplo do estilo Português rocaille. O painel do retábulo por trás do Altar-mor descrevendo a Imaculada Conceição, padroeira de Queluz, é um trabalho do pintor André Gonçalves (1692-1762).
A Rainha D. Maria e as suas irmãs também participaram na decoração por terem pintado quatro painéis nas paredes por baixo da Cúpula.Por ocasião de festivais religiosos, a orquestra de D. Maria— considerada por William Beckford como uma das melhores da Europa— também tocou aqui.


Salas

Sala do Trono (1768-1770)

Destinada inicialmente a Sala de Festas, passou a ser Sala do Docel ou do Trono a partir de 1787. Serviu também ocasionalmente de Corpo de Igreja, Teatro e Câmara Ardente.
Ocupa a parte do edifício fronteiriço ao Jardim dos Azereiros, é no estilo Luis XV.
A obra de talha dourada do primeiro Trono, constituída por um escudo com as Armas Reais sustentado por dois dragões e rematado por um grande laço era da autoria do entalhador Silvestre Faria Lobo.
As pinturas alegóricas do teto representam a Fé, o Sol, a Esperança, a Guerra, a Justiça e a Caridade.

Sala da Música (1759-1768)

Nesta sala tocava a orquestra de Câmara da Rainha D. Maria I e algumas vezes se realizaram espectáculos de Ópera antes da inauguração do Real Teatro de Queluz (1774). Serviu também de Capela-Mor por ocasião do Baptizado dos Infantes e foi Sala de Audiências da Rainha D.Carlota Joaquina.
Concluída em 1759, a sua decoração foi modificada em 1768, retirando-se as pinturas decorativas em "Chinoiserie" e optando-se pela talha decorativa ao gosto rococó europeu.

Sala dos Embaixadores (1757-1762)


Primitivamente designada Barraca Rica, Casa Grande ou da Galeria, e mais tarde dos Embaixadores ou dos Serenins. Aqui tinham lugar os concertos e festas dados no tempo de D.Pedro III nos dias de S. João e de S.Pedro. No século XIX passou a ser usada para as Audiências ao Corpo Diplomático e aos Ministros estrangeiros.
Grandes vasos de porcelana da China (Talhas) colocados sobre penhas de talha dourada e pequenos vasos nos nichos das paredes constituíam o principal elemento da decoração desta Sala.
Os tetos e a sanca são decorados com pinturas alegóricas e "chinoiseries", algumas sobre espelho, destacando-se o painel central, de efeito cenográfico, que representa a Família Real (D. José I, mulher e filhas e o futuro D.Pedro III), o Maestro de Música e a Corte assistindo a um Serenim.

Sala do Toucador (1774-1786)

Gracioso gabinete íntimo que fazia parte dos Aposentos quer de D.Pedro III, quer de D.João VI, quer de D.Carlota Joaquina.
Ao gosto das Cortes da Europa do séc. XVIII, a sua decoração baseia-se no jogo de espelhos e de graciosos motivos pictóricos representando meninos toucando-se. O pavimento de madeiras exóticas é desenhado segundo uma composição geométrica radiante que se repete no teto.

Sala de D. Quixote (1774-1786)

Inicialmente Sala de Café, foi Quarto de Dormir de D. Pedro III, D.Carlota Joaquina,
D.João VI, D.Pedro IV, primeiro Imperador do Brasil, que aqui nasceu e morreu, e D. Miguel.
Sala de planta quadrada onde se tem a ilusão de um espaço circular, cuja decoração pictórica da cimalha e das sobreportas, com molduras de talha dourada "rocaile", ilustra episódios da vida de D.Quixote. O teto, já neo-clássico, é rematado por um tela central, Alegoria à Música.

Sala das Merendas (1774-1786)

Pequena e graciosa dependência utilizada como Sala de Jantar privativa desde o tempo de D.Pedro III e D.Maria I.
Saleta de planta quadrada, onde se respira o espírito "rocaile", decorada com telas com ricas molduras em "papier maché" dourado evocativas do fim a que se destinava: Cenas de gênero de merendas ao ar livre e Naturezas-Mortas.


Raquel, 8º 1, nº 18

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